29.11.06

Estrelinha

Joana estava ansiosa. Estava finalmente a acabar a 6ª versão da sua monografia de final de curso. Ia imprimindo aos poucos, para não ceder ao impluso de mudar mais umas coisinhas. Estava ansiosa. Cansada. Tinha ficado em casa para se conseguir concentrar e para trabalhar tranquilamente. Enquanto pensava em "períodos críticos e periodos sensíveis do desenvolvimento" sentiu todos os seus pensamentos invadidos pela imagem de Diogo. Gostava tanto de o ter por perto. Lembrou-se que no dia seguinte quando estivessem juntos, ela já tinha entregue tudo aquilo. Sorriu. Escreveu umas palavras para ele, que deixou no blog e continuou a trabalhar:
“Quem me dera encontrar as palavras certas...Que vil ironia a minha, se existissem palavras certas não seria sonho mas sim realidade. Esgotada de procurar o limite transparente e intocável entre o ter e o desejar, rendo-me completamente à certeza de ser magnífico como o pôr-do-sol ou o arco-íris; doce como o olhar tranquilo de uma criança, quente como o sol, já não esperado, que me bate no rosto; envolvente como o mar para onde me perco a olhar, só porque te vejo nele; assustador como a trovoada me que encolhe na cama e não me deixa dormir; apaixonante como a poesia que não consigo deixar de ler; excitante como este beijo que me queima os lábios desejando encontrar os teus; intenso como o toque da tua mão na minha; perfeito como o momento em que as letras se uniram aos meus olhos para me disseres que gostas muito de mim, tanto como eu gosto de ti e verdadeiro, tão verdadeiro como estes momentos em que me olhas como só a ti permito olhar e que duram a eternidade de instantes.”

28.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?" XIII

Joana chegou a casa e escreveu sem parar, mecanicamente, e por cada palavra que escrevia sentia-se mais aliviada. Funcionou como terapia e no fim, quando gravou no “blog”, sentiu-se mais calma, como Diogo lhe tinha pedido. Leu o que tinhas escrito e foi dormir:
“Escrevo sem sentido, sem rumo, deixo-me levar pelas palavras que me puxam, por palavras que sinto não saber se são as certas ou as erradas; porque me sinto frágil; porque me sinto sozinha.
Escrevo para te dizer a ti, minha princesa, que também eu tenho medo de me perder de ti no meio de toda esta confusão em que se tornou a minha vida. Não te preocupes porque eu vou estar sempre por perto, vou cuidar sempre de ti, vou amar-te sempre e para sempre e mais do que a qualquer outra pessoa. Sinto tanta falta de me dizeres que gostas muito de mim. Sei que sou tua Tia e que devia cuidar de ti e aconselhar-te, mas preciso tanto de ti. Preciso que me faças festinhas no cabelo e me deixes chorar. Preciso de te contar que a Filipa já sabe de mim, o Diogo contou-lhe. Preciso de te contar que não suporto saber que ela está a sofrer por minha causa, assim como não suporto sentir que sou eu que estou “a mais” nesta história. Tu sabes como me estou a sentir. Então explica-me porque tenho sempre que me sentir a mais?! Diz-me porquê. Sinto-me tão culpada, sinto-me a pior das mulheres. Preciso que me digas que mesmo assim ainda te orgulhas de mim. Preciso de te contar que ontem recebi um beijo na testa colado com fita-cola. Preciso de te contar que hoje o Diogo me disse que eu estava linda. Preciso que me dês colinho. Preciso tanto de vestir as minhas calças com buracos…Eu sei que precisas que eu deixe os “meus meninos” por um dia. Sei que estás cheia de ciúmes e com medo de ser trocada…Então preciso de te dizer que és uma tontinha! Penso em ti todos os dias. Adoro-te. Mas prometo-te que um dia destes vou passar a buscar-te com o rádio do carro no volume máximo, de boné, sapatilhas e com as calças mais rasgadas que conseguir arranjar. Prometo que vamos comer gelado com colher de sopa. Prometo que vamos para a praia apanhar bichinhos e principalmente prometo que te deixo sujar-me o carro! Sabes…Gostava que conhecesses o Diogo. Sei que te vais assustar e achar que ele é muito sério, que não vai gostar de ti. Tenho a certeza que vais morrer de ciúmes dele. Mas sei que vais gostar muito dele, sabes porquê?! É que ele também acha que a utilidade da varanda de uma casa é para ter um cão!
Escrevo para te dizer a ti, Diogo, que também eu estou a sofrer. Para te dizer que não suporto a ideia da Filipa estar a sofrer por minha causa. Sabes bem que nunca desejei que isto acontecesse. Esta manhã disseste-me que eu escolho sempre as palavras erradas e que a razão eu ia descobrir. Eu sei bem qual é a razão. Chama-se insegurança. Uma insegurança que vem de há muito tempo. Uma insegurança que me faz afastar as pessoas de quem gosto. Uma insegurança que me faz escolher sempre as palavras erradas. Uma insegurança que me faz mandar-te embora quando só quero que fiques. É verdade, também eu estou triste. Triste porque me sinto perdida. Triste porque preciso daquele beijo e daquele abraço; preciso de todos os teus beijos e de todos os teus abraços. Um dia destes vamos sair daqui, para algum sítio entre o teu mundo e o meu mundo. Preciso de ti, fora do teu mundo. Preciso de mim fora do meu mundo. Estou com medo e preciso do teu conforto. Preciso das tuas festinhas no meu cabelo. Preciso de beijos na testa colados com fita-cola. Preciso cada vez mais de te contar uma história, a minha.
Escrevo para te dizer a ti, minha mamã, que não precisas de te preocupar, que eu estou bem. Escrevo para te dizer que se hoje fugi à tua pergunta, não foi por mal. Talvez um dia destes te possa responder. Não te preocupes porque eu não deixei de acreditar no amor. Não tenhas medo, eu sei bem que a profissão não é o mais importante do mundo.
Escrevo para te dizer a ti, papá, que ainda vais ter um neto de olhos verdes e que o vou deixar muitas vezes contigo para que o possas ensinar, como fizeste comigo, que nada se consegue sem esforço e que o respeito pelos outros é o mais importante da vida. Prometo que vou educá-lo como fizeste comigo, sem as “manias da psicologia”. Mas sabes papá, tenho medo de não conseguir.
Escrevo para te dizer a ti, avô, que estou quase a realizar o meu sonho. Tenho pensado muito em ti, queria tanto que te orgulhasses de mim. Olha, vais estar lá comigo no dia da minha defesa de monografia?! Este ano no dia do teu aniversário já serei a primeira psicóloga da família, será esse o meu presente. Sabes, já contei ao Diogo que converso muitas vezes contigo. Um dia destes conto-lhe mais coisas sobre ti, pode ser?!”.
(continua)

26.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! XII

Aqueles momentos tinham ficado marcados em Joana. Estava com medo. Estava assustada e ao mesmo tempo estava tão tranquila. Desejava ter ali Diogo. O céu estava lilás. Nada mais importava. Pensava naquele beijo, inexistente, pensava naquele toque, real. Imaginou que se Diogo estivesse ali poderiam conversar horas sem fim, descobrindo semelhanças, discutindo diferenças, confidenciando segredos. Estava frio. Apeteceu-lhe que chovesse. Estava a precisar de festinhas no cabelo e decidiu partilhar com ele o seu poema preferido:
“Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela.
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala, E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.Quando desejo encontrá-la Quase que prefiro não a encontrar, Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.”
(continua)

25.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! XI

O dia passou a correr. Tinha realmente sido agradável. Joana sentia-se realizada como já há muito não se sentia. Seria aquilo a que se chama felicidade?!
Tinha conseguido mostrar aquilo que valia, a sua competência no trabalho, naquela reunião que tão bem tinha corrido. E aquela carta. Não precisava de um papel a atestar a sua competência, mas aquilo tinha sido o estímulo que estava a precisar.
O dia foi agitado e cansativo. Joana passou o dia com as palavras de Diogo na cabeça…As únicas palavras possíveis. Aquele era o sonho. O sonho de Joana. O sonho do Diogo. O sonho deles.
Aquelas palavras de Diogo tinham que ter resposta. Abriu a página do “blog”. Não lhe apetecia escrever muito. Os seus desejos naquele momento passavam pelo toque, pelo olhar…Mas tinha que lhe dizer aquilo naquele momento. E escreveu: “Qualquer dia destes vais ver que as estrelas se desviam, por causa do fogo de artifício, só para nós…Continuo a querer sentir o teu toque.”
Aquele fim de tarde foi um choque para Joana. Não estava à espera de sentir tudo aquilo. No início da noite, após uma longa conversa, foi para o carro e, sem aguentar mais, chorou. Ali dentro do carro. Estava demasiado nervosa. Perdeu o controlo. Diogo estava ali, passava-lhe a mão pelos cabelos, aquele toque suave no rosto. Joana não conseguia organizar pensamentos. Estava desesperada. Desejou que Diogo ficasse ali, sem dizer nada. Apenas ali. Não dormiu nada toda a noite. Estava nervosa.
Aquele início de fim-de-semana foi complicado. Aqueles momentos sozinhos, ela e Diogo, poderiam ter sido tão maravilhosos. Conversaram, pouco. Sorriram, pouco. Olharam-se, pouco. Tudo era pouco naquele momento. Joana só podia estar a enlouquecer. Queria mais, muito mais.
Aqueles breves instantes em que esteve ali, não se sentiu nada bem, estava totalmente deslocada, perdida. A sua curiosidade obrigou-a a olhar tudo, verificando os mais ínfimos pormenores. Aquele mundo de Diogo parecia perfeito, cada peça no seu sítio, juntava bom gosto e funcionalidade.
Então era assim a realidade. A única comparação possível para Joana foi com uma linda boneca de porcelana dentro da caixa, bem lá no topo de uma prateleira. O mundo de Diogo era lindo, sem a menor dúvida. Mas aos olhos de Joana apresentou-se sem vida, sem cor, sem calor. Estranhou. E sentiu-se estranha. Esperava encontrar um mundo onde conseguisse identificar sorrisos, gargalhadas, beijos, sonhos, em cada porta, em cada janela, em cada canto. Não era assim que deveria ser?!
(continua)

23.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! X

Joana estava a começar a ficar preocupada com ela própria. Estava tão triste como o dia, desanimada. Sentia-se sem rumo, perdida, sem sentido.
Procurava a todo o custo animar-se. Naquela manhã leu aquela mensagem centenas de vezes e de cada vez que a leu, sorriu. O telemóvel recebeu, naquele momento, uma mensagem. Era Diogo. Joana teve a sensação de que aquilo era a coisa mais bonita que já lhe tinham dito. Sentiu que ele era tão especial. Sorriu novamente.
Aqueles dias tinham sido tão esgotantes e ao mesmo tempo tão mágicos, tão diferentes e tão envolventes que Joana nem se sentia capaz de os descrever…Tinham sido, para além de tudo, reais.
Aquele toque…
Joana sentiu-se incapaz de descrever aqueles momentos, sentia-os, desejava-os.
E a data da defesa do projecto de final de curso. Estava ali. Tão real também. Estava empenhada em ter uma boa nota, claro. Mas estava esgotada, cansada. Ao ouvir a data, teve vontade de avisar Diogo. Não disse nada. A orientadora estava ali, ansiosa por definir pormenores, acertar conceitos fundamentais. Mas Joana estava tão longe. Foi acenando com a cabeça, conhecia tão bem aquele projecto que as respostas apareciam, mecânicas. Abriu discretamente o caderno de apontamentos e deixou-se levar. Precisava de registar tudo aquilo que aquele toque tinha despertado nela. Escreveu.
“Flores Alegres
Esta noite é contigo que vou sonhar…
Tu estás aqui. Enrolas-te a meu lado como se tivesses medo…
Mais uma vez, aquela estranha sombra percorre o nosso olhar.
Sorris…Os teus olhos brilham na noite, suspiras aos meus lábios.
Estou feliz e a minha alegria morde doce a tua boca…
Chovem em mim as tuas palavras e quentes percorrem o meu corpo.
Fecho os olhos, envolvemo-nos num abraço tão profundo que nem mesmo a noite parece existir…
Quem me dera não estar apenas a sonhar.
Ansiosa, tremo ao contacto da tua pele. Mesmo sem nunca ter existido esta proximidade, o teu corpo deve conhecer cada parte do meu.
Com esta infinita doçura transforma-mos o medo e esqueço, quando os teus braços me acolhem.
Espero dizer tudo nestas palavras que quase não nascem e que te ofereço nos meus beijos.
Imagino para nós todo o universo.
A lua, as estrelas, flores alegres, centenas de beijos.
Quando for hora de partir, se o vento transformar em fumo este sonho, fecha os olhos.
Porque em sonho tudo é possível: Nada apagará “aquele” beijo. “(continua)

20.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! IX

Era uma nova semana que estava a começar. Estava um dia lindo. Deixou-se estar debruçada na varanda. O sol batia-lhe na cara. Aquele pequeno momento de tranquilidade dava-lhe a certeza de que a semana iria correr bem.
Quando chegou ao trabalho a primeira pessoa que viu foi Diogo. O dia apresentava-se longo e cheio de trabalho. A presença dele ali por perto dava-lhe uma estranha sensação de felicidade. E como era maravilhosa a maneira como ele a fazia rir…
Como é possível que um dia comece tão bem e depois de desenrole tão carregado e negativo?! Tudo tinha corrido mal. Cheio de problemas e preocupações.
Joana chegou a casa. Tentou jantar, foi impossível. A comida não passava, sentia-se esgotada. Saturada. Correu para o quarto. Estaria sozinha toda a semana e assim não tinha que dar explicações de nada. Nem conversar. Nem sorrir. Nem nada.
Ligou o computador. Precisava de “desabafar”; deixou umas palavras no “blog”: “Estou triste. Triste. Triste. Triste. Triste e pronto”.
Atirou-se para a cama. Sem trocar de roupa nem nada. Um elástico a prender os cabelos, que naquele momento estavam a incomodá-la; pensou em cortá-los. Pensou em sair dali. Desejou partir para bem longe. Sozinha. Estava farta. Sentia-se frágil. As lágrimas começavam a correr pelo resto. Não conseguiu controlar-se. Deixou-se estar. E chorou. Chorou. Chorou. Desejou um abraço. Desejou um beijo. Desejou sentir-se protegida e não tão sozinha como se sentia naquele momento.
(continua)

19.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! VIII

Um beijo, doce. Foi o que Joana enviou numa das mensagens daquela tarde. Estava a trabalhar ao computador. Era fim-de-semana, seriam dois dias sem ver Diogo. No entanto, sentia-o ali tão perto. Enviou aquele beijo na mensagem, na esperança que ele o recebesse com a doçura que ela desejava.
Horas depois, deitou-se a pensar em como seria aquele beijo. Em como ele o teria recebido, sentido. Adormeceu. Desejou estar a ver cachecóis a esvoaçar, sentir o cheirinho a castanhas perto dele. Ou então que fosse Diogo a estar ali perto.
Acordou a meio da noite, não se lembrava do que tinha sonhado, mas teve a certeza de que tinha sido algo muito doce, tão doce como o beijo que tinha mandado a Diogo. O telemóvel trazia-lhe a certeza de que ele tinha sentido o beijo com a doçura certa, nem mais nem menos, apenas o necessário para não pensar em mais nada durante um bom bocado.
Agora ali estava ela. Magnífico programa de Domingo. A música a tocar baixinho, falando de amores impossíveis. A janela aberta por onde o sol se atreve a entrar. Enroscada na cama, camisola de malha, cor-de-rosa, fofinha, quente, doce; calças de ganga e sapatilhas, os cabelos presos ao acaso. Nas mãos o livro acabado de comprar. “Este é um momento perfeito, sinto-me bem!” – Pensou, instantes antes de o telemóvel tocar. Era Diogo.
- “’Tá?!” – Atendeu, enquanto pensava que agora aquele era um momento mais que perfeito.
- “Tudo bem?! Que tas a fazer?! Eu vim dar um passeio…” – Estava bem-disposto. Joana imaginou-o a sorrir e sorriu também.
No fim da conversa, Joana deixou-se escorregar para debaixo da mantinha verde que tinha na cama. Aquela manta que a tinha acompanhado no ano passado em tantas viagens de Expresso. E aquela almofada onde nadavam agora os seus cabelos. Sentiu um arrepio de frio…
- “O Inverno é bom quando se tem quem nos aqueça. Este ano vou passar tanto frio…” – Pensou enquanto sentiu os olhos a fecharem. Deixou-se levar e “aquele” beijo preencheu os seus pensamentos…
(continua)

18.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! VII

Conhecia-se bem. A água a percorrer-lhe calmamente o corpo, tão quente que chegava a magoar-lhe a pele, esticar o mais possível os cabelos molhados pelas costas. A água a deslizar pelo rosto confundia-se com as lágrimas que só naquele momento permitiu, tudo se misturava.
Não gostava de se sentir assim, frágil. O corpo pedia tanto um abraço que chegava a doer. Repetiu, determinada, as palavras do seu poeta de eleição: “Digo não ao medo que me apavora e juro ao coração que virá cedo a calma que demora”. Obrigou-se a um sorriso. A sobrinha Rute tinha razão, os seus sonhos já lhe tinham pregado muitas partidas, mas nunca tinha perdido a capacidade de sonhar, nunca tinha deixado de acreditar que podia caminhar nas nuvens, se assim o desejasse. Também não seria agora. Sentiu-se capaz das maiores loucuras.
Atirou a toalha do banho, cor-de-rosa, para o chão. Apressou-se a escolher a roupa. A da viagem a Paris. Recordou com tal intensidade que imaginou que Diogo poderia adivinhá-la naquele momento.
Abriu novamente a página do seu “blog”. As palavras frias que se obrigava a escrever estavam ali a mostrar algo que ela não era. Não estava a ser verdadeira com ela própria. Lembrou-se da promessa feita há já vários anos: “Luta sempre pelos teus sonhos e sê verdadeira contigo própria”.
Sentia-se um exemplo para a Rute. Não a podia desiludir. As palavras dela eram bem claras: “Ti, só tu consegues imprimir tal doçura nas palavras, se sentes, não o escondas. Mais ninguém consegue dizê-lo como tu…”
Mas o que era aquilo que mais ninguém dizia como ela?! Joana não se sentia capaz para o dizer. Poucas vezes o tinha dito. Sempre acreditou que as palavras não podiam ser deixadas ao acaso. Porque o vento pode levá-las, mas volta sempre a trazê-las.
Sorriu. E escrever. O mais tranquilamente que conseguiu. Palavra a Palavra. Letra a Letra. Imprimiu em cada letra o máximo de doçura que conseguiu, como se daquelas palavras dependesse o mundo. Escreveu e leu aquilo que escreveu. Voltou a ler e sorriu:
“G o s t o d e T i”
(continua)

Será que ainda posso usar calças com buracos?! VI

Acordou, aquela luzinha no monitor do computador…Era o Diogo. Breves palavras trocadas num ápice. Depois, a ausência trouxe-lhe tristeza. Abriu rapidamente a página do “blog”. Começou a escrever, na esperança de se sentir melhor depois.
As palavras escondiam-se, nada estava a fazer sentido. Queria sair dali rapidamente, fugir. Esquecer sonhos, esquecer o projecto de fim de curso, esquecer os problemas, esquecer o passado, esquecer o futuro que adivinhava e esquecer aquela estúpida realidade.
E escreveu, mas nem isso a acalmou. As palavras saíam sem magia, demasiado reais. “O Diogo não vai gostar disso quando ler, se ler…Mas se não lhe posso dizer isto a ele, pelo menos escrevo” – Pensou e carregou no Enter:
“Tenho medo de tudo aquilo que sei que sinto. E de tanto procurar fugir perco a magia...Sei que não pode ser, a minha recusa traduz-se numa procura ingrata para evitar as palavras certas, aquelas que querem queimar…Os sonhos são para serem desejados, mas é a realidade que é para ser vivida...
Mesmo assim, continuo a ver-te em cada canto, mesmo sem te procurar. É por isso que as músicas que aos outros fazem rir, a mim me levam para longe.
Desejava ter forças para continuar a sonhar mas não consigo, a certeza de que os sonhos não são realidades, enche-me agora os olhos de lágrimas e mais uma vez este mar verde se torna infeliz.”.
Declarou-se oficialmente triste naquele dia. Se as palavras não a sossegavam, certamente que os cabelos molhados a escorrer pelas costas, iriam ajudar. Correu para o banho.
(continua)

Será que ainda posso usar calças com buracos?! V

Era sábado, acordou cedo, o corpo já se tinha habituado aquela rotina e acordava sistematicamente às oito horas; com ou sem despertador; em dias de semana ou não. Esfregou os olhos, estendeu o braço para ligar o rádio e procurou o telemóvel por baixo das almofadas: Nada. Naquela noite Diogo não tinha dito nada. Joana não recebeu aquela mensagem que tanto tinha desejado. Depois daquela conversa em que o Diogo estava tão aborrecido, não mais tinham falado. Aquele puxão para a realidade, no dia anterior, podia tê-lo acordado do mundo dos sonhos. Podia ter deixado de sonhar.
“Onde estás tu que não te encontro?! Por onde passeia o teu olhar que não me procura?! Será que o encanto se quebrou?!” – Estas dúvidas começaram a invadir, um a um, os seus pensamentos.
Joana levantou-se, abriu as portadas da janela, afastou os cortinados e debruçou-se na varanda, o céu mostrou um cinzento carregado, não tardava a chover. Desejou que a chuva lhe trouxesse de Diogo de volta. Voltou a deitar-se, fechou os olhos com força e esperou que o mundo dos sonhos a levasse para a viagem em Paris…
(continua)

17.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! IV

O dia tinha sido cansativo. Ao chegar a casa, Joana correu para o quarto e atirou-se para o enorme puff cor-de-rosa que tinha no quarto, deixou-se enterrar nas almofadas, cor-de-rosa, verdes e cor-de-laranja. O Rádio berrava “aquela” música, ajudava…
O telemóvel a tocar:
- “Sim?! ‘Tavas a ligar ou era toque?! – Estranhou Joana.
- “’Tou mesmo a ligar, grande stress…Olha, não foi de propósito, não te queria prejudicar, não fui contar nada, desculpa!” – Do outro lado da linha estava o Diogo preocupado, ansioso como Joana nunca o tinha sentido.
- “Calma, o que se passou?! Diogo, tem calma, tudo bem!” – Joana só queria acalmá-lo, dar-lhe um pouco de tranquilidade.
A conversa desenrolou-se entre esclarecimentos e desabafos. No final, logo após ter desligado o telemóvel, Joana convenceu-se de que tinham desperdiçado aquele precioso tempo com uma conversa sem significado…Não duvidava da palavra do Diogo, não era preciso nenhuma explicação…Naquele momento teve a certeza de que confiava nele…Tinha sido a primeira vez que tinham falado ao telefone, imaginava na perfeição as expressões do rosto dele, irritado, devia estar completamente fora do sério. Joana estava consumida com a vontade de o abraçar, de lhe dizer baixinho que estava tudo bem, a opinião dos outros pouco contava naquele momento.
Ali, enroscada naquele seu “mundinho” que procurava encher de cores, sons, cheiros e texturas, Joana deixou-se levar pelos sonhos…”E se o Diogo estivesse aqui?!” – Era tudo tão simples no reino da fantasia, era tudo tão mágico. O rádio lá continuava: “Se eu pudesse, roubava todo o tempo do mundo … Quanto tu estás, dás-me força, não motivação apenas, cada opinião que trazes, vale por mim sentenças, aposto que não sabias que existe admiração até nas minhas atitudes frias … Por mais breve que seja, fazes eterno um só momento, por mais esquecido que esteja … Se eu pudesse dizer-te tudo o que quero … Faz-me sorrir só como tu sabes como…”
Joana pensava em como seria maravilhoso estar naquele exacto momento, naquele recanto da praia que se avistava da esplanada onde tinha estado naquela manhã…Horas antes, mal chegou aquele lugar, envolvida em conversas de trabalho, não tinha conseguido evitar desejar voltar ali com Diogo. Sonhos…
Sentiu um arrepio, aquela música: “És a policromia que preenche os meus sonhos a preto e branco”. Teriam sido aquelas palavras escritas para eles?!
(continua)

16.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! III

Aquela manhã de trabalho foi produtiva e correu bem, mas acabou por passar a tarde toda na rua e a noite apresentava-se como cheia de trabalho. “Não faz mal, gosto de trabalhar à noite, isto num instante está acabado e pronto, amanhã é entregar e fica despachado.” – Pensou Joana enquanto se sentava ao computador.
Voltou a levantar-se. A camisola arrancada num instante, as calças de ganga espalhadas pelo chão do quarto. Enfiar o pijama, os chinelos, o cabelo solto. A certeza de que iria encontrar o Diogo no dia seguinte trazia-lhe uma tranquilidade que encorajava a trabalhar.
Afinal, aquilo não era tão mau quanto parecia, estava a ganhar outra cor, acrescentar mais umas médias, mais umas comparações com estudos teóricos: “Tens que procurar os pontos fortes para os salientares e identificar os pontos fracos para te prevenires” – Dissera-lhe Diogo naquela manhã. “E confia no teu trabalho!” – Esta tranquilidade fascinava Joana. Seria assim que ele exercia aquele encantamento sobre ela? Salientando os seus pontos fortes e conhecendo os pontos fracos…Já não lhe acontecia há muito, ficar sem palavras…Diogo tinha esse poder, de a deixar sem resposta, de lhe fazer perder o olhar…O caminho que estavam a tomar era muito perigoso, mas há muito que Joana deixará de o conseguir evitar. Tinha prometido a ela própria que não iria dar nome aos sentimentos que cresciam dentro dela. Mas até quando seria capaz de lhes fugir? Disfarçá-los começava a ser difícil…
Uma luz cor-de-laranja a piscar no monitor arrancou-a dos seus pensamentos. Era a sobrinha Rute ali, à distância de um click, ansiosa por contar as novidades de uma conversa telefónica com o Fábio: - “Ele ligou-me de Espanha e eu sempre a dar-lhe aquele desprezo, mesmo “bué”, mas ele gastou mesmo “bué” dinheiro, não tas bem a ver…” – Joana adorava aquela miúda, era a sua princesinha, já lhe tinha aturado as maiores loucuras, já lhe tinha limpo milhares de lágrimas, já tinham estado zangadas e separadas, mas aquela relação nunca mudava, mais pareciam as melhoras amigas, irmãs.
Mais uma luzinha a piscar.
“Olha lá, utilizo o coeficiente de Pearson ou o de Spearman?!” – Perguntou Eduardo, descontraído.
“Depende do que queres fazer, o de Pearson é mais usual, mas se não for significativo utiliza o de Spearman e assim esgotas todas as possibilidades” – Carregou Joana.
“Brigada” – Agradeceu Eduardo.
“Precisas de ajuda” – Hesitou Joana.
“Se precisar eu digo” – Foi rápido na resposta, Eduardo.
“Ok”. – Terminou Joana.
E mais uma luzinha a piscar. Era finalmente Diogo. E ali a conversa correu solta, entre cores, sonhos, aromas e desejos. Aquelas conversas eram deliciosas, mágicas…Joana já tinha tentado evitá-las por diversas vezes, mas a frieza que procurava a todo o custo impor às suas palavras tornava-se demasiado dolorosa para ambos. O que era aquilo que se estava a passar entre ambos?! Por mais errado que lhe parecesse, Joana confortava-se com a ideia de que tinha voltado a sorrir…
(continua)

Será que ainda posso usar calças com buracos?! II

Levou bastante tempo com o telemóvel na mão sem saber o que fazer. Segundos antes tinha desejado receber um SMS do Diogo e afinal era o Eduardo quem tinha decidido dizer-lhe alguma coisa…Não podia apagar sem ler, no dia anterior quando se encontraram, ela achou-o estranho, triste e desanimado como não era costume. Podia trazer alguma notícia importante. Tinha de o ler, não ia mudar nada: “Para a próxima vê não te vais embora ao fim de cinco minutos!” E pronto, era isto que dizia, mais nada. Joana atirou o telemóvel para cima da cama, como sempre fazia, continuou a vestir-se. Queria descer para jantar, estava a precisar de descansar e naquela noite tinha mesmo que dormir. Não resistiu a abrir as portadas da janela e foi à varanda. O frio e a chuva trouxeram Diogo de volta aos seus pensamentos: “Anseio por palavras tuas, quero saber o teu perfume”, lembrou-se de um dos SMS que ele lhe tinha enviado. – Onde estás Diogo?! Sonhas?! – Pensou. E desceu para jantar, sem mais pensar nas mensagens que tinha recebido. Ninguém importava naquele momento. O banho tinha-a transportado para um estado de vazio mental.
No dia seguinte, depois de uma noite de trovoada em que não dormiu bem como tinha planeado, continuou sem vontade de acabar o Projecto Final de Curso que tinha de ser entregue obrigatoriamente naquela tarde. Andava a arrastar aquelas pequenas correcções já há mais de uma semana. A data para apresentação estava a aproximar-se cada vez mais depressa. No espaço de um mês a vida de Joana iria sofrer algumas alterações. Tudo aquilo andava a tirar-lhe o sonho e a tranquilidade.
Sentou-se na secretária, ligou o computador. Levantou-se e foi espreitar o dia lá fora, adivinhando a chuva. Voltou para dentro e enquanto o programa iniciava pegou no telemóvel e escreveu: “E hoje...Mais chuva…De que adianta se não nos vamos ver?!”. Enviar. Diogo. Mensagem Enviada. Relatório Entregue.
Abriu o documento do Projecto e decidiu-se a trabalhar. “Tenho mesmo que acabar isto hoje, tem mesmo que ser” – Disse em voz alta para se convencer. Carregou no ícone da Internet e escreveu: www.omeusonhoacabatarde.blogspot.com. A página abriu, apressou-se a escrever qualquer coisa. Fechou a página, desligou a Internet. “Agora vou trabalhar” – Era a sério, tinha mesmo que ser.
(continua)

15.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?!

Mal passou a porta e a chuva lhe bateu com força na cara, Joana não conseguiu esconder um enorme sorriso. Em gestos automáticos atirou tudo para a pasta. Era o fechar de mais um dia, papeis, materiais, arrumados ao acaso. Antes de entrar no carro, deixou-se ficar encostada à porta. Um silêncio total e a noite intensa. Estava completamente ensopada, ao primeiro arrepio de frio, desejou que o Diogo estivesse ali naquele momento.
Naquele fim de tarde, chovia como se o céu estivesse a cair aos bocados, todo de uma vez. Joana pensou que aquilo só podia ser um sinal. Enquanto seguia pela Via do Infante, mais devagar do que era hábito, tentava a toda a força espantar aquele pensamento. Aquela pergunta da colega, pouco tempo antes de sair do trabalho:
- Joana, estás apaixonada?! - Atirou a Margarida para o ar, qual tiro certeiro.
- O quê?! Eu apaixonada?! Nem pensar! - Respondeu a Joana o mais rápido que conseguiu. E achou melhor dar a conversa por terminada. Isto de partilhar sentimentos não era para ela.
- Ok, vai-te lá embora, mas não penses que te escapas...Tens os olhos a brilhar! - Argumentou a Margarida sem se dar por convencida.
Aumentou o som do rádio e deixou-se embalar pela música: “Para gostar tanto assim de alguém como tu…”. Caraças, nem a porcaria do rádio ajuda, pensou. E irritada desligou com força o botão. Deixou-se ficar em silêncio e foi deslizando até casa.
E agora naquele seu momento de tranquilidade, o prazer de sentir o cabelo molhado a escorrer pelas costas, sentiu-se de novo criança. O espelho da casa de banho completamente embaciado, não resistiu…Um enorme coração desenhado com o dedo. Joana “love” … Não teve coragem para escrever mais nada...
- Isto é uma parvoíce, já não tenho quinze anos! – A voz traduzia alguma saudade de outros tempos. Deu um puxão repentino na toalha que estava por ali largada e apressou-se a limpar o espelho, numa tentativa de limpar também os seus pensamentos.
No quarto, enquanto se vestia, não resistiu a procurar no telemóvel um SMS do Diogo: “Tem uma nova mensagem do Eduardo” – Avisava o visor.
(continua)

13.11.06

Há dias assim...

"Eu também tenho medo, mas se pudesse não o guardava em segredo"

Cruzamentos

Na vida existem simplesmente momentos e sentimentos errados.
Não se pode fingir que a realidade não existe.
Existem erros demasiado grandes para que tenha coragem para os cometer.

12.11.06

Lágrimas

O mar verde está a transbordar, a galgar as margens, em consequência da força das palavras.

Desentendimentos...

Hoje senti-me aquilo que mais próximo posso chamar de chateada contigo.
Sei que nem sequer tenho o direito disso, de estar, ficar ou sentir-me chateada.
Mas...Foi tão estranho.
Adormeci muito irritada, comigo mesma, por me estar a sentir daquela maneira, sem ter direito nenhum para o sentir. Quando acordei e vi a tua mensagem, com um pedido de desculpas, ainda mais irritada fiquei, por saber que não me deves explicações nenhumas.
Estou confusa. Se tu soubesses...
Tenho medo que deixes de querer sonhar, assim, de repente.
E eu que tinha tantas coisas para te contar...

11.11.06

Mais um dia...

Não tenho mais nada a dizer. Quero apenas dormir.

9.11.06

Cá vou eu...

Este é um desafio. Manter-me a sonhar.

8.11.06

Sonhos

Não vamos acordar, pode ser?!
Gosto da chuva, gosto do sol.
Ando com vontade de dar pulinhos nas nuvens. Achas que podemos?!
Os dias de chuva em Paris são maravilhosos...
Hoje estava sol, onde fomos?!

6.11.06

Noite.

Sinto-me tão mal hoje.

5.11.06

Sonhos mais que perfeitos...

Nada me saberia melhor agora do que um abraço.

Não!

Não quero nada que esqueças os sonhos.
Arrependi-me de ter dito isso no momento em que disse.

4.11.06

Mudanças ao por-do-sol

“As raízes enfiam-se na terra, contorcem-se na lama, crescem nas trevas; mantêm a árvore cativa desde o seu nascimento e alimentam-na graças a uma chantagem: «Se te libertas morres!». As árvores têm de se resignar, precisam das suas raízes; os homens não.”

Cor-de-Rosa

Acabei de chegar. Mais uma semana se passou. Mudanças. Significativas.
Estou completamente absorvida e adoro a sensação de ser susceptível a tudo aquilo que me rodeia.
Estou a ouvir a música, aquela, tu sabes qual.
Sinto-me tranquila, por mais estranho que isso possa parecer.
Gosto tanto de sorrir e de me sentir tão bem como me estou a sentir agora.
Tenho muito medo, apavora-me pensar nas palavras que um dia terão que ser ditas.
Mas sabe-me tão bem esta sensação de estar uns passinhos acima da realidade. Estamos a pairar algures entre o sonho, o mágico e o real...
A minha consciência teima em puxar-me para baixo...Procuro identificar o momento, aquele, o decisivo. Sabes que mais?! Não sei...Sabes?!
Anseio calar a voz que me culpa por tudo isto. Diz-me, existe alguma coisa de que me possa culpar?!
É verdade que nunca imaginei ser possível...Mas...Diz-me..O que é suposto fazer?!
As mesmas músicas, o mesmo brilho no olhar perto das crianças, a mesma viagem, o mesmo desejo de querer sempre mais.
Não vou fazer nada. Estou apenas a viver.
Questiono-me se aquelas fracções de segundo em que os nossos olhares se cruzam, não são momentos mais que perfeitos...
Como podes estar tão atento? Depressa descobriste o que me faz sorrir, o que me deixa envergonhada, até o que me faz corar. Fazes de propósito.
E aqueles teus gestos de preocupação?!
Há muito tempo que não sentia os joelhos a tremer. Há tanto tempo quanto não me atrevia a dançar.

2.11.06

Sonhos...

Adorei. Estou tão assustada.

Estrelinha

Levo as tuas palavras comigo, entrego-as ao vento...Não guardarei nada...Não preciso de provas nem de sinais, porque não consigo tocar o arco-íris mas jamais duvidarei que ele está lá...Gosto desta sensação de nem sequer ter bem a certeza se estes momentos mágicos são mesmo reais...Obrigada.

"...falem de vento e liberdade... de alegria e leveza... n sei se isso é imaturidade... talvez seja... talvez não seja... talvez tenha voado alto demais... talvez... ou talvez não... Só sei q adorei a viagem a Paris... a chuva q caia, a forma como te sentavas e davas atenção às crianças, as gargalhadas, o embaraço (o meu)... só sei q adorei"