23.9.07

Mel em palavras

É assim que te quero, amor,assim, amor, é que eu gosto de ti,tal como te vestese como arranjasos cabelos e comoa tua boca sorri,ágil como a águada fonte sobre as pedras puras,é assim que te quero, amada,Ao pão não peço que me ensine,mas antes que não me falteem cada dia que passa.Da luz nada sei, nem dondevem nem para onde vai,apenas quero que a luz alumie,e também não peço à noite explicações,espero-a e envolve-me,e assim tu pão e luze sombra és.Chegastes à minha vidacom o que trazias,feitade luz e pão e sombra, eu te esperava,e é assim que preciso de ti,assim que te amo,e os que amanhã quiserem ouviro que não lhes direi, que o leiam aquie retrocedam hoje porque é cedopara tais argumentos.Amanhã dar-lhes-emos apenasuma folha da árvore do nosso amor, uma folhaque há-de cair sobre a terracomo se a tivessem produzido os nosso lábios,como um beijo caídodas nossas alturas invencíveispara mostrar o fogo e a ternurade um amor verdadeiro.

Pablo Neruda

20.9.07

Um pedaço de história

"Amor, bem-vindo a casa, dizia ela numa voz bem calma; Nunca tão poucas palavras tiveram tanto significado, reconfortam a alma..."



Ratatui, obrigado. Um beijo apaixonado da tua Ratatuinha cor-de-rosa.

17.9.07

Sente-se.

Amor...
Não sei porque te estou a escrever. Talvez porque a solidão me entristece e só as palavras me acalmam, ou talvez seja porque o fim de uma das etapas mais importantes da nossa vida está a chegar, o ciclo termina e a porta das facilidades está lentamente a fechar-se...Mas secalhar não é por nada disto que eu te estou a escrever, sei lá.
Estou assustada com tudo.
Está tudo bem agora, eu sei. Penso que ao fim de nove meses, atingimos finalmente aquilo a que eu chamo de felicidade. Uma relação de confiança, respeito, honestidade, partilha, carinho, dedicação, amor...Talvez seja esta a forma que encontrei de te dizer que reconheço tudo aquilo que tens feito por nós, as coisas das quais abdicaste por mim, a paciência infindável que tens comigo e acima de tudo o respeito…
Neste momento não consigo encontrar nada de muito errado no nosso namoro e estou feliz. Mas eu não sei ser feliz, quantas vezes já falámos disto?! Tenho medo e estou assustada...Não encontro nada de errado e tenho medo de ser eu a errar...Tu quebraste todas as minhas barreiras e consegues ver para além do que algum dia desejei mostrar-te…Sinto-me frágil por conheceres já tudo de mim, sinto que já não tenho nada de novo para te dar e tenho medo que te canses de tudo isto que já conheces...No entanto, neste momento amo-te como nunca te amei, amo-te como nunca havia amado ninguém...Tenho vindo a aprender que o amor é esta sensação que fica em mim quando faço alguma coisa nova, por ti ou contigo, que nunca tinha tido sequer coragem de imaginar...Seria capaz de tudo pelo teu sorriso, independentemente de estares perto ou longe de mim. Tenho aprendido também que amar-te é possível mesmo sem estar perto de ti, pois sei que irei continuar a amar-te se estiver longe de ti, porque o teu amor encheu o meu coração de esperança e de coragem...
Penso muitas vezes, sem a mínima sombra de rancor, que poderias ser mais feliz sem mim, longe, livre...As feridas da vida e de um passado do qual não gosto, deixaram em mim grandes vazios que o teu amor me ensinou a preencher...Espero que entendas que não desejo isso, mas tudo aquilo que já perdi fez-me reagir a cada rejeição, a cada falta de carinho com silêncio. Até agora nunca havia aprendido a amar.
A tua liberdade já não me aflige pois sei que continuarei a amar-te e o prazer que sinto por te amar é o suficiente para sustentar a minha felicidade.
Algumas vezes fico a olhar para ti enquanto dormes e tenho vontade de congelar esses momentos e de ir embora, de fugir, de ser cobarde e deixar tudo para trás, para não ter um dia de experimentar a dor de te perder...O que mais desejo é conseguir ter forças para continuar a viver um dia de cada vez, a tornar os nossos sonhos realidade e a ver-te sorrir, a deixar o nosso amar crescer e fortificar-se...
Não sei se te lembras, mas só quero que saibas que são os nossos sonhos que me fazem sorrir só de lembrar e espero conseguir resistir ao medo até lá. Mas, se não conseguir e se fugir entretanto, quero que saibas que o meu amor acompanhar-te-á sempre, faz disso a tua certeza.
Tua.

9.9.07

"Dias quentes e de tempestade"


Pareço estar atordoada, completamente.

Digo apenas que pareço, porque na realidade não sei realmente se o estou.

Olhar triste, abatido, cansado ou excessivamente alegre, descontraído e estranho - já ouvi de tudo ultimamente e gostaria que as interpretações daquilo que o meu olhar pode ou não traduzir se reduzissem apenas à realidade: verde. Ponto, parágrafo, muda de linha.

Verdade é que tenho chorado bastante, muitíssimo, para ser sincera. Mas e então?! Não vem o mal ao mundo por isso, sempre me lembro de o afirmar verbalmente quando precisei de chorar. Isso é que me tranquiliza e não o fenómeno de verter lágrimas; apenas a expressão dessa necessidade.

Chorei de alegria e entusiasmo, ultimamente.

Chorei de orgulho ou com orgulho, frequentemente.

Chorei de ansiedade ou angústia, ocasionalmente.

Chorei de tristeza ou dor, raramente.

Em todas as situações, afirmei que precisava de chorar, deixei bem clara essa necessidade, mas poucas vezes verti lágrimas.

Não, não estou atordoada, apenas expectante.

Aguardo num compasso de espera, mudanças, encontros e desencontros. Agora que todas as decisões estão tomadas, apenas o momento certo para que se manifestem:

Sonhos que continuo a não conseguir encaixar em palavras; contudo, agora sei onde está aquela tranquilidade, posso sempre abrir a máquina e parar a centrifugação.

4.9.07

Quero-te a ti.

Por mais que me tenha esforçado, penso que não consegui dizer tudo aquilo que queria; penso não ter sido capaz de te explicar tudo aquilo que estou a sentir; deve ser por isso que sinto ainda esta angústia.
Estas palavras vou deixá-las no nosso cantinho, aquele que só tu conheces para que um dia, mais tarde, as possas ler e para que talvez nessa altura consigas entender-me.
Ingenuamente pedi para que me desculpasses, pensando que isso iria amenizar a agonia que estou a sentir, mas sei que ainda vais sentir-te com muita raiva de mim, talvez só depois disso possas desculpar-me realmente.
Tens que saber que és a minha pessoa mais especial, aquela que melhor me conhece, sinto-me feliz por poder estar a dizer-te tudo isto agora. Talvez por gostar de ti, te ache lindo, mas a beleza de que falo está naqueles pequenos nadas em que parece que só nos acreditamos. O fascínio que sinto em relação a ti, prende-se pelos valores que defendemos juntos, por tudo aquilo em que acreditamos.
Tenho muitos sonhos, tinha-os talvez, porque secalhar daqui a pouco nada disto vai importar. Mas nesses sonhos estás tu, está a nossa juliana, está o verde e o laranja dos cortinados, o azul dos tapetes, estão os bonsais e as sementes, está o vinho bebido ao jantar, estão os brindes, estão as nossas trocas de olhares, estás tu, estou eu, estamos nós e está tudo aquilo que desejámos construir um dia. Se te pedi para guardares tudo aquilo que é nosso, é por saber que eu não sou nada mais do que tudo aquilo. E fico feliz por ter essa certeza.
Quando te falo de sonhos, falo-te de ti, fisioterapeuta, falo de mim, a acabar o mestrado, falo da nossa juliana, falo do cão, falo do quintal, falo das crianças que um dia poderíamos vir a ter. Quando te falo de sonhos, falo-te de tudo aquilo que desejámos juntos.
Não consigo dizer-te muito mais do que isto, principalmente porque já te disse tudo.
Queria ser forte, como me ensinaste a ser, para te deixar ir embora, para te apoiar e para te dar coragem, mas não consigo.
Sei que por mim já modificaste demasiadas peças chave na tua vida; fizeste por mim algo que eu jamais serei capaz de retribuir, ou de te mostrar o quanto foi significativo para mim.
Pedes-me neste momento, para ter força, para continuar o meu trabalho, para não desistir. Pedes-me isto e eu receio não ter forças para o poder fazer. Sem ti, tudo isto deixa de fazer sentido e passo a acreditar e a confiar muito menos no que poderei ser capaz de fazer.
Lamento poder desiludir-te. Se o fizer, peço que me desculpes, se o fizer é por não encontrar forças.
Sei que esta tua decisão talvez seja, ou não, o melhor para ti, talvez precises de sair daqui, talvez não. Está a doer-me muito, penso nem sequer ser capaz de te explicar o quanto estou triste, mas não te peço para ficares, ficarás se assim o entenderes.
Apenas te peço para que não me deixes para trás, fica comigo. Confio em ti. Havemos de encontrar uma solução, mas não me deixes para trás, sozinha. Quero-te a ti, com todos os nossos problemas, dificuldades e obstáculos que temos enfrentado e que ainda temos pela frente, mas só juntos os conseguimos ultrapassar.
Lembra-te sempre que és a pessoa que melhor me conhece, que melhor sabe aquilo que mais desejei. Gosto de ti.
“Não digas a ninguém”.