4.9.07

Quero-te a ti.

Por mais que me tenha esforçado, penso que não consegui dizer tudo aquilo que queria; penso não ter sido capaz de te explicar tudo aquilo que estou a sentir; deve ser por isso que sinto ainda esta angústia.
Estas palavras vou deixá-las no nosso cantinho, aquele que só tu conheces para que um dia, mais tarde, as possas ler e para que talvez nessa altura consigas entender-me.
Ingenuamente pedi para que me desculpasses, pensando que isso iria amenizar a agonia que estou a sentir, mas sei que ainda vais sentir-te com muita raiva de mim, talvez só depois disso possas desculpar-me realmente.
Tens que saber que és a minha pessoa mais especial, aquela que melhor me conhece, sinto-me feliz por poder estar a dizer-te tudo isto agora. Talvez por gostar de ti, te ache lindo, mas a beleza de que falo está naqueles pequenos nadas em que parece que só nos acreditamos. O fascínio que sinto em relação a ti, prende-se pelos valores que defendemos juntos, por tudo aquilo em que acreditamos.
Tenho muitos sonhos, tinha-os talvez, porque secalhar daqui a pouco nada disto vai importar. Mas nesses sonhos estás tu, está a nossa juliana, está o verde e o laranja dos cortinados, o azul dos tapetes, estão os bonsais e as sementes, está o vinho bebido ao jantar, estão os brindes, estão as nossas trocas de olhares, estás tu, estou eu, estamos nós e está tudo aquilo que desejámos construir um dia. Se te pedi para guardares tudo aquilo que é nosso, é por saber que eu não sou nada mais do que tudo aquilo. E fico feliz por ter essa certeza.
Quando te falo de sonhos, falo-te de ti, fisioterapeuta, falo de mim, a acabar o mestrado, falo da nossa juliana, falo do cão, falo do quintal, falo das crianças que um dia poderíamos vir a ter. Quando te falo de sonhos, falo-te de tudo aquilo que desejámos juntos.
Não consigo dizer-te muito mais do que isto, principalmente porque já te disse tudo.
Queria ser forte, como me ensinaste a ser, para te deixar ir embora, para te apoiar e para te dar coragem, mas não consigo.
Sei que por mim já modificaste demasiadas peças chave na tua vida; fizeste por mim algo que eu jamais serei capaz de retribuir, ou de te mostrar o quanto foi significativo para mim.
Pedes-me neste momento, para ter força, para continuar o meu trabalho, para não desistir. Pedes-me isto e eu receio não ter forças para o poder fazer. Sem ti, tudo isto deixa de fazer sentido e passo a acreditar e a confiar muito menos no que poderei ser capaz de fazer.
Lamento poder desiludir-te. Se o fizer, peço que me desculpes, se o fizer é por não encontrar forças.
Sei que esta tua decisão talvez seja, ou não, o melhor para ti, talvez precises de sair daqui, talvez não. Está a doer-me muito, penso nem sequer ser capaz de te explicar o quanto estou triste, mas não te peço para ficares, ficarás se assim o entenderes.
Apenas te peço para que não me deixes para trás, fica comigo. Confio em ti. Havemos de encontrar uma solução, mas não me deixes para trás, sozinha. Quero-te a ti, com todos os nossos problemas, dificuldades e obstáculos que temos enfrentado e que ainda temos pela frente, mas só juntos os conseguimos ultrapassar.
Lembra-te sempre que és a pessoa que melhor me conhece, que melhor sabe aquilo que mais desejei. Gosto de ti.
“Não digas a ninguém”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estas suas palavras são lindas! Revêjo-me nestas linhas :')
Continua.Está muito bom!