28.10.06

Pensei que existia muito mais verdade nessa diferença que te caracteriza...

Acabei de chegar a casa. Mais uma pancada na cabeça.
O caminho que fiz até casa a chorar não foi o suficiente para me acalmar. A sensação de ter que conter em mim a raíva que estou a sentir neste momento é demasiado injusta. Porque tudo tem que ser assim?!
Como é possível que todas as relações e sentimentos sejam reduzidos a meras atracções?! Somos muito mais complexos do que isso.
Tenho vontade de bater com a cabeça nas paredes.
Isto era tudo o que eu não precisava neste momento.
A manhã foi terrível. Senti-me mal, revoltada e principalmente julgada injustamente. Não quero separar ninguém de ninguém. Não gosto de ti.
Lamanto ter brincado e ter trocado olhares e sorrisos que para mim foram de compreensão e de partilha.
Se tu soubesses a minha dificuldade em confiar. É um sentimento tão ambíguo, tenho tanto medo de confiar nas pessoas e ao mesmo tempo sinto-me tão sozinha por não confiar.
Quando cheguei a este novo espaço, senti-me atirada de pára-quedas e fiquei apenas parada. Quando me sentia tão deslocada e perdida, vi-te a ti. Descobri em ti uma sensibilidade que julguei capaz de me entender e me ver para além do que eu consigo demonstrar.
Como te disse, eu não te conheço e tu não me conheces. E quando cheguei vinha decidida a que continuasse assim.
Mas porque os psicólogos também precisam de falar e de se libertar, acreditei que tu conseguirias ver para além do que é visível.
Foi daí que surgiram as brincadeiras, da minha parte sem sombra de maldade. Porque aos poucos eu estava a conseguir falar. Só achei que podia vir a confiar em ti.
Foi por saber o quanto estavas bem e feliz e por te achar suficientemente adulto para conseguires separar as coisas é que não tive problemas em me aproximar de ti. Tinha a certeza que tu nunca irias olhar para uns olhos verdes, mas sim muito para além disso. Por isso achei que podia confiar em ti.
Achava que contigo não haviam motivos para confusões e podia brincar à vontade, dar-me a conhecer e ter em ti um amigo.
Estava enganada afinal. Fico revoltada por ver que afinal foi tempo perdido.
Não podes imaginar o quanto me senti mal por ouvir falar das nossas brincadeiras como "Eu e Tu"!! Não existe "Eu e Tu". Nunca existiu e nunca vai existir. Nunca foi essa a minha intenção quando comecei a brincar contigo. Foi por ter essa certeza que não tive medo de me aproximar de ti.
Hoje senti o meu espaço completamente invadido. É tão dificil para mim confiar, partilhar o meu espaço e o meu Eu.
Nunca foi minha intenção criar algum tipo de problema ou de confusão para ti.
Se hoje não brinquei, não sorri e não falei foi porque me senti incompreendida.
Lamento.
Não quero mais sentir-me como me senti hoje.
Porque para sentir preciso de pensar e para pensar preciso de confiar.

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