30.3.07

Muita coisa se tinha passado naquela semana. Joana nem se estava a conhecer; tantas decisões tinham sido tomadas…No espaço de uma semana tinha decidido procurar casa em Albufeira, tinha procurado essa mesma casa, tinha escolhido a casa e já estava a levar as suas coisas para lá…
Aquela era realmente uma nova etapa, estava tranquila, motivada e confiante. Estava decidida a ser feliz, custasse o que custasse; fosse onde fosse.
Estaria tudo perfeito se não fossem aquelas dores de estômago…
Joana acordou com aquela estranha sensação de que mais valia ficar na cama o dia todo. Não estava triste nem contente. Não tinha razões para estar triste e tinha muitas razões para estar contente. Finalmente via uma luz ao fundo do túnel do estágio por que já esperava à tanto tempo…Mas continuava a não saber gerir a maldade das pessoas, a falta de educação, de valores, a falta de respeito…Enfim, decidiu levantar-se, vestir-se e ir trabalhar com o seu maior sorriso, as crianças estavam lá à sua espera, não lhes podia faltar, afinal, elas sim, valiam a pena.

11.3.07

Sei que pode resultar...

Joana estava sozinha aquela manhã. Acordou cedo, não tinha dormido bem. As saudades estavam a começar a pesar. Teve vontade de ver o mar, isso iria aproximá-la de Diogo. O dia anterior tinha provocado um turbilhão de emoções dentro dela; não tinha vontade de chorar, apenas de se compreender e de se explicar. Teve saudades do abraço de Diogo, do sorriso do seu pai, da preocupação constante da sua mãe, do carinho da sua Kiki. Pensou que o melhor a fazer seria ir dar uma volta de carro, para perto do mar e para longe de tudo aquilo que a estava a perturbar. Antes de sair, escreveu:
“Também eu gostava, Diogo, que pudesses entrar dentro da minha cabeça para me poderes entender. Não gosto quando me agradeces ou me pedes desculpa, não estou a fazer nada de mais, nada de especial, gosto muito de ti. Nem sei se te devia dizer isto, não quero que as minhas palavras sejam um peso para ti, quero que sejas feliz acima de tudo. Acredita que sou sincera. Muitas vezes gostava de ter força para te mandar embora daqui, para te conseguir obrigar a seres feliz; outras vezes gostava de ter força para te mandar ficares aqui, para te obrigar a seres feliz. Entendes?
É verdade que muitas vezes a tua frieza me magoa, mas jamais me fez hesitar, aquilo que nos une é demasiado forte para que eu não compreenda o que vai na tua cabeça. Acredita que a tempestade que vai dentro de ti muitas vezes me arrasta sem me dar tempo para me agarrar. Mas o teu olhar, mar calmo e tranquilo que me aconchega dá-me tudo aquilo que eu preciso. Não quero que sejas o melhor do mundo, quero que sejas tu. É de ti que eu preciso. Sei que não entendes bem porque continuo aqui, porque te continuo a querer, porque te entendo e aceito; pois bem, vou então dar-te uma explicação…
Penso muitas vezes se serei frágil como quase todos me julgam ou se, pelo contrário, tenho a força que poucos me reconhecem…Penso talvez conjugar a cada instante estas duas potências, a força e a fraqueza, o gelo e o fogo. Não sei porque mas tu consegues reconhecer em mim cada um destes estados, penso que serás assim também. O teu abraço que me envolve, derrete todo o gelo quando me sinto frágil e as tuas palavras duras conseguem amenizar o fogo que me consome, puxas-me para a realidade.
Quando nos conhecemos, o teu interesse exclusivo pelo meu trabalho, ignorando os meus olhos verdes, fez-me ver que valias a pena. Agora sei que este mar verde sempre te fascinou, mas na altura conseguiste dar valor apenas ao que realmente importava. Conseguiste num almoço, conversar sobre os teus sonhos, a tua vida, os teus objectivos com uma sinceridade que me cativou, nada daquilo poderia ter sido estudado, não nos conhecíamos, mas éramos tão parecidos; é por isso que me revolto quando os outros falam das nossas diferenças, os outros sabem lá…
Até na tua fúria, no teu mar revolto e cortante me consegues confortar, sei que serás sempre sincero comigo, verdadeiro. Como sabes, na minha vida, tem faltado alguma verdade e sinceridade, é tão bom poder confiar em ti.
Não quero que sejas mais do que aquilo que és. Porque gosto de ti?! Porque nunca ninguém me tinha chamado cor-de-rosa, doce, nunca ninguém me tinha oferecido um sorriso só para mim ou um ombro para chorar, ou dormir. Porque nunca ninguém me conheceu assim como só tu conheces e ainda assim não te envergonhas de mim. Porque ninguém se preocupou como tu, se estou doente ou se não me alimento bem. Porque ninguém me ofereceu rosas como tu. Porque ninguém olhou para mim com a ternura que tu me ofereces. Porque me levaste a conhecer o teu mundo, apesar do meu medo, só por saberes o quanto isso é importante para mim. Porque apesar de saberes que me perturba, me contas quando estás com ela, porque posso confiar em ti. Porque sei que também tens medo de me perder, porque tens medo de nos perdermos, porque tens medo que eu me perca quando estou sozinha, e eu também tenho medo.
Porque somos diferentes, mas nunca me fizeste sentir que tinha que mudar. Porque fizeste por mim algo que eu sei que não mereço e que nunca te vou conseguir agradecer, apenas posso gostar de ti com todas as minhas forças, apenas posso querer, mais do que tudo, ter-te aqui sempre comigo, bem pertinho de mim.
Entendes agora o porquê?!

10.3.07

Gosto de ti

Porque existem pedidos que não temos coragem para fazer; porque alguns desejos são tão intensos que nem tentamos pronuncia-los; porque sentia que não devia pedir algo assim, mas porque era o que mais queria, com todas as suas forças, Joana apenas se limitou a abrir o “blog” e a escrever, na esperança que Diogo atendesse ao seu pedido: “Fica cá comigo, não vás embora!”

Decisões na nossa história

Aquela semana tinha sido complicada; Diogo não estava bem. O desânimo e a desmotivação que Joana já tão bem conhecia tinham decidido “atacar” abertamente acompanhados de uma profunda tristeza que se traduzia num cansaço facilmente identificado por todos. Estava visivelmente abatido.
Tudo aquilo deixava Joana ansiosa e preocupada. Não sabia bem se por consequência ou por coincidência mas acabou por passar uma daquelas tardes no Centro de Saúde. As análises, o soro, o medo e a frieza de Diogo naquele dia…Não sabia o que havia de fazer, sentia-a novamente perdida. As palavras de Diogo ecoavam novamente na sua cabeça…
O dia em que se teriam que separar estava cada vez mais perto…Joana queria aproveitar cada dia sem pensar no amanhã, sem pensar no dia em que teriam que dizer “Adeus”. Amava-o, não tinha a menor dúvida, mas estaria preparada para viver aquele amor à distância?! Teria coragem para dizer “Adeus”?! “Conseguiria passar sem ter Diogo sempre por perto?” Desejava com todas as suas forças que Diogo tivesse a força necessária para que se mantivessem juntos, afinal o pior já tinha passado…