8.12.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! XVII

Mal acabou de almoçar, Joana correu para o computador, tinha que escrever tudo aquilo que estava a sentir. Aquela tranquilidade estava a envolvê-la e estava a fazê-la sorrir, mas aquelas palavras de Diogo que denunciavam insegurança, dúvida, confusão e medo estavam a preocupá-la e a deixá-la assustada. Tinha que fazer algo para o confortar. Apesar das palavras precipitadas, tinha sido tão sincero que merecia as respostas de que tanto estava a precisar…
“Diogo, não tenho palavras para te explicar aquilo que senti quando estivemos juntos, esta manhã, longe do teu mundo. Senti-me muito mais segura, no meu espaço tudo me pareceu mais claro e um pouco menos complicado; em ti tive o efeito contrário, deixou-te tenso e ansioso, mas eu estava a precisar de te ter um bocadinho no meu mundo. Obrigada.
Não, não te vou voltar as costas. Nem agora nem nunca. Independentemente de qual for a tua decisão, com a minha amizade podes sempre contar. Podes ter a certeza disso.
Em relação ao que penso de ti, é muito simples. Gosto de ti, apesar de saber que tudo isto pode não estar a ser a coisa mais certa do mundo. Confio em ti. Sei que tu vais tomar a decisão certa. Vou entender-te e apoiar-te seja qual for a tua decisão.
Dizes-me que não tens com quem desabafar tudo isto…Diz-me, existe alguém melhor para falares disto do que comigo?! Afinal tudo isto nos implica de igual forma. E não, nenhum de nós é culpado. Tu não és o maior culpado. Tu não querias que isto acontecesse. Eu não queria que isto acontecesse. Tão pouco a Filipa queria que isto acontecesse. Mas aconteceu e não podemos fingir que não. Tu tens uma decisão para tomar, por mais cruel que isto pareça. Tenho plena noção de que a tua decisão vai acabar por magoar alguém. Mas por favor, não penses em mim ou na Filipa nem no que uma de nós pode vir a sofrer com isto. Pensa em ti. Naquilo que a ti te vai fazer feliz. Não penses nos problemas que a tua decisão te vai trazer, seja ela qual for. Isso resolve-se depois. Pensa em ti, no que te pode fazer mais feliz, em quem te pode fazer mais feliz, com quem tu queres estar. O resto pensa-se depois.
Dizes precisar de saber o que eu penso em relação a nós e a tudo isto. Então…Acho que tudo isto pode ser muito mais do que poesia e do que sonhos. Pode ser real. Gostava que fosse real. Quero que seja real. Gostava de fazer tudo aquilo que já sonhámos juntos. Gostava de transformar cada sonho em realidade. Mas como te digo, isso pensa-se depois.
Não precisas de estar tão inseguro. Perguntaste-me uma vez se eu ia esperar que decidisses. Disse-te que sim. E aqui estou. Não te voltei as costas. Terás o tempo que precisares para pensares no que é melhor para ti, em quem tu queres contigo. Gostava sinceramente de ter eu também um pouco mais de tempo. Conheces tão pouco de mim. Não gostava que decidisses assim. Acho que tens que me conhecer um pouco melhor. Devíamos ter mais momentos como o de hoje. Não vamos falar de trabalho nem de problemas. Vamos aproveitar o tempo que temos juntos para nos conhecermos, sem pensarmos muito nesta situação ou naquilo que vais decidir. Acho que se for assim vai facilitar a tua decisão.
Diogo, não acho que tu me vês como uma bonequinha que metes no armário à espera. Não penso assim, disse aquilo porque estava triste, às vezes custa-me tanto saber que de ti só tenho sonhos e que a tua realidade não é minha. Custa-me pensar que a Filipa tem tudo de ti e que eu não tenho nada. Custa-me pensar em quando estás com ela…Era comigo que eu queria que estivesses...
(continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

A Joana é linda, principalmente quando sorri. Não o deixa de ser quando se enerva, nem tão pouco quando chora. Fica mais bela quando conversa, mais bela na sua prosa.

Mais ainda nas suas palavras
Mais poesias
um pouco mais nas suas lágrimas
mais nas suas magias
mais bela no seu perfume
no metal, na água, na terra ou no lume.

E continua Diogo a sonhar...olhando as paisagens que lhe fogem do olhar. Não consegue fixar uma... quer ficar com todas para levar à Joana. Perder-se nas montanhas, bosques e planicies que n passam do mesmo mas que estão mais simpáticas dinâmicas que nos convidam a entrar.