3.12.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! XV

Sentia-se perdida. Não estava a entender nada. No dia anterior Diogo tinha sido tão doce, tão carinhoso quando falaram. Tinha acordado logo de manhã com um telefonema. Estava com saudades. Tinha sido bom ouvi-lo logo de manhã.
Agora Joana estava com aquele estranha sensação no peito. Sentia falta de Diogo, ao mesmo tempo que começava a acreditar que tinha de o esquecer.
Se no dia anterior lhe tinha parecido ser possível ficar tudo bem, agora sentia-se incapaz de aguentar aquela pressão que estava a sentir. Começava a desenhar-se, aos seus olhos, um cenário provável: Diogo continuaria tal como estava; ela não teria outro remédio a não ser esquecê-lo, obrigada pela força das circunstâncias, incapaz de lutar sozinha por algo que lhe parecia cada vez mais impossível.
Seria aquela a solução?! Filipa sabia já da existência dela, mesmo que tudo continuasse como estava, Joana seria sempre um fantasma, uma dúvida. Não era definitivamente esse o papel que desejava ocupar na vida de Diogo. Não era aquele o papel que queria que Diogo ocupasse na vida dela.
E se Diogo tivesse força, determinação, coragem ou vontade suficiente para deixar o passado no passado, seria essa a solução?! Poderiam eles ficar juntos?! Tudo estava demasiado confuso para Joana. Sentia-se egoísta naquele momento: queria ter Diogo ali com ela. Pensava em Filipa e em como tudo aquilo devia ser complicado para ela, saber que eles eram colegas, ver toda uma história construída em conjunto, abalada como um castelo de cartas por uma desconhecida que tinha chegado do nada e tinha sido capaz de levantar tantas dúvidas. Cada vez que pensava em Filipa sentia-se culpada. Pensou então em Diogo. Não devia ser fácil para ele, ter uma vida organizada, uma família, um mundo. E de repente ver-se envolvido em toda aquela história. Poderia acontecer não ficar bem como Filipa nem com Joana. Tinha muito a perder, fosse qual fosse a sua opção. Joana sentia claramente o quanto aquilo estava a ser complicado para ele. Mas ela não o tinha pressionado a nada. Ele estava tão envolvido quanto ela. Eram ambos culpados sem culpa nenhuma. Tinha acontecido.
Estava triste. Sentia-se mal por estar a ser tão egoísta, por querer Diogo ali com ela. Não era fácil para ela. Tinha lutado contra os seus próprios sentimentos durante muito tempo, custara-lhe muito a admitir que gostava dele. Agora via-se ali sozinha, pensando nele, enquanto o sabia junto a Filipa. Não sabia até quando iria aguentar: - “Tenho que te esquecer Diogo. Vou ter que quebrar esta magia e sair do sonho. Já que não podemos ser todos felizes, então pelo menos, não seremos todos infelizes. Mas gosto muito de ti…” – pensou Joana enquanto recordou, mais uma vez, um beijo colado com fita-cola, dado por Diogo, num daqueles dias.

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