18.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! VI

Acordou, aquela luzinha no monitor do computador…Era o Diogo. Breves palavras trocadas num ápice. Depois, a ausência trouxe-lhe tristeza. Abriu rapidamente a página do “blog”. Começou a escrever, na esperança de se sentir melhor depois.
As palavras escondiam-se, nada estava a fazer sentido. Queria sair dali rapidamente, fugir. Esquecer sonhos, esquecer o projecto de fim de curso, esquecer os problemas, esquecer o passado, esquecer o futuro que adivinhava e esquecer aquela estúpida realidade.
E escreveu, mas nem isso a acalmou. As palavras saíam sem magia, demasiado reais. “O Diogo não vai gostar disso quando ler, se ler…Mas se não lhe posso dizer isto a ele, pelo menos escrevo” – Pensou e carregou no Enter:
“Tenho medo de tudo aquilo que sei que sinto. E de tanto procurar fugir perco a magia...Sei que não pode ser, a minha recusa traduz-se numa procura ingrata para evitar as palavras certas, aquelas que querem queimar…Os sonhos são para serem desejados, mas é a realidade que é para ser vivida...
Mesmo assim, continuo a ver-te em cada canto, mesmo sem te procurar. É por isso que as músicas que aos outros fazem rir, a mim me levam para longe.
Desejava ter forças para continuar a sonhar mas não consigo, a certeza de que os sonhos não são realidades, enche-me agora os olhos de lágrimas e mais uma vez este mar verde se torna infeliz.”.
Declarou-se oficialmente triste naquele dia. Se as palavras não a sossegavam, certamente que os cabelos molhados a escorrer pelas costas, iriam ajudar. Correu para o banho.
(continua)

Sem comentários: