20.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! IX

Era uma nova semana que estava a começar. Estava um dia lindo. Deixou-se estar debruçada na varanda. O sol batia-lhe na cara. Aquele pequeno momento de tranquilidade dava-lhe a certeza de que a semana iria correr bem.
Quando chegou ao trabalho a primeira pessoa que viu foi Diogo. O dia apresentava-se longo e cheio de trabalho. A presença dele ali por perto dava-lhe uma estranha sensação de felicidade. E como era maravilhosa a maneira como ele a fazia rir…
Como é possível que um dia comece tão bem e depois de desenrole tão carregado e negativo?! Tudo tinha corrido mal. Cheio de problemas e preocupações.
Joana chegou a casa. Tentou jantar, foi impossível. A comida não passava, sentia-se esgotada. Saturada. Correu para o quarto. Estaria sozinha toda a semana e assim não tinha que dar explicações de nada. Nem conversar. Nem sorrir. Nem nada.
Ligou o computador. Precisava de “desabafar”; deixou umas palavras no “blog”: “Estou triste. Triste. Triste. Triste. Triste e pronto”.
Atirou-se para a cama. Sem trocar de roupa nem nada. Um elástico a prender os cabelos, que naquele momento estavam a incomodá-la; pensou em cortá-los. Pensou em sair dali. Desejou partir para bem longe. Sozinha. Estava farta. Sentia-se frágil. As lágrimas começavam a correr pelo resto. Não conseguiu controlar-se. Deixou-se estar. E chorou. Chorou. Chorou. Desejou um abraço. Desejou um beijo. Desejou sentir-se protegida e não tão sozinha como se sentia naquele momento.
(continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

Aroma a baunilha

Mais uma vez caiu no momento certo...
Nem fez da terra pantâno, nem a fez transformar em lama, continuou asfalto cor de laranja numa rua qualquer de Paris. Continua a cair suavemente sobre os cabelos, os olhos não se retiram do chão fixando o céu, sempre no momento certo. A sua pele clara, a doçura que não precisa de açucar, diluiem-se suavemente... suavemente na chuva como o meu café com aroma baunilha.