26.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! XII

Aqueles momentos tinham ficado marcados em Joana. Estava com medo. Estava assustada e ao mesmo tempo estava tão tranquila. Desejava ter ali Diogo. O céu estava lilás. Nada mais importava. Pensava naquele beijo, inexistente, pensava naquele toque, real. Imaginou que se Diogo estivesse ali poderiam conversar horas sem fim, descobrindo semelhanças, discutindo diferenças, confidenciando segredos. Estava frio. Apeteceu-lhe que chovesse. Estava a precisar de festinhas no cabelo e decidiu partilhar com ele o seu poema preferido:
“Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela.
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala, E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.Quando desejo encontrá-la Quase que prefiro não a encontrar, Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.”
(continua)

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