25.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! XI

O dia passou a correr. Tinha realmente sido agradável. Joana sentia-se realizada como já há muito não se sentia. Seria aquilo a que se chama felicidade?!
Tinha conseguido mostrar aquilo que valia, a sua competência no trabalho, naquela reunião que tão bem tinha corrido. E aquela carta. Não precisava de um papel a atestar a sua competência, mas aquilo tinha sido o estímulo que estava a precisar.
O dia foi agitado e cansativo. Joana passou o dia com as palavras de Diogo na cabeça…As únicas palavras possíveis. Aquele era o sonho. O sonho de Joana. O sonho do Diogo. O sonho deles.
Aquelas palavras de Diogo tinham que ter resposta. Abriu a página do “blog”. Não lhe apetecia escrever muito. Os seus desejos naquele momento passavam pelo toque, pelo olhar…Mas tinha que lhe dizer aquilo naquele momento. E escreveu: “Qualquer dia destes vais ver que as estrelas se desviam, por causa do fogo de artifício, só para nós…Continuo a querer sentir o teu toque.”
Aquele fim de tarde foi um choque para Joana. Não estava à espera de sentir tudo aquilo. No início da noite, após uma longa conversa, foi para o carro e, sem aguentar mais, chorou. Ali dentro do carro. Estava demasiado nervosa. Perdeu o controlo. Diogo estava ali, passava-lhe a mão pelos cabelos, aquele toque suave no rosto. Joana não conseguia organizar pensamentos. Estava desesperada. Desejou que Diogo ficasse ali, sem dizer nada. Apenas ali. Não dormiu nada toda a noite. Estava nervosa.
Aquele início de fim-de-semana foi complicado. Aqueles momentos sozinhos, ela e Diogo, poderiam ter sido tão maravilhosos. Conversaram, pouco. Sorriram, pouco. Olharam-se, pouco. Tudo era pouco naquele momento. Joana só podia estar a enlouquecer. Queria mais, muito mais.
Aqueles breves instantes em que esteve ali, não se sentiu nada bem, estava totalmente deslocada, perdida. A sua curiosidade obrigou-a a olhar tudo, verificando os mais ínfimos pormenores. Aquele mundo de Diogo parecia perfeito, cada peça no seu sítio, juntava bom gosto e funcionalidade.
Então era assim a realidade. A única comparação possível para Joana foi com uma linda boneca de porcelana dentro da caixa, bem lá no topo de uma prateleira. O mundo de Diogo era lindo, sem a menor dúvida. Mas aos olhos de Joana apresentou-se sem vida, sem cor, sem calor. Estranhou. E sentiu-se estranha. Esperava encontrar um mundo onde conseguisse identificar sorrisos, gargalhadas, beijos, sonhos, em cada porta, em cada janela, em cada canto. Não era assim que deveria ser?!
(continua)

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