16.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! II

Levou bastante tempo com o telemóvel na mão sem saber o que fazer. Segundos antes tinha desejado receber um SMS do Diogo e afinal era o Eduardo quem tinha decidido dizer-lhe alguma coisa…Não podia apagar sem ler, no dia anterior quando se encontraram, ela achou-o estranho, triste e desanimado como não era costume. Podia trazer alguma notícia importante. Tinha de o ler, não ia mudar nada: “Para a próxima vê não te vais embora ao fim de cinco minutos!” E pronto, era isto que dizia, mais nada. Joana atirou o telemóvel para cima da cama, como sempre fazia, continuou a vestir-se. Queria descer para jantar, estava a precisar de descansar e naquela noite tinha mesmo que dormir. Não resistiu a abrir as portadas da janela e foi à varanda. O frio e a chuva trouxeram Diogo de volta aos seus pensamentos: “Anseio por palavras tuas, quero saber o teu perfume”, lembrou-se de um dos SMS que ele lhe tinha enviado. – Onde estás Diogo?! Sonhas?! – Pensou. E desceu para jantar, sem mais pensar nas mensagens que tinha recebido. Ninguém importava naquele momento. O banho tinha-a transportado para um estado de vazio mental.
No dia seguinte, depois de uma noite de trovoada em que não dormiu bem como tinha planeado, continuou sem vontade de acabar o Projecto Final de Curso que tinha de ser entregue obrigatoriamente naquela tarde. Andava a arrastar aquelas pequenas correcções já há mais de uma semana. A data para apresentação estava a aproximar-se cada vez mais depressa. No espaço de um mês a vida de Joana iria sofrer algumas alterações. Tudo aquilo andava a tirar-lhe o sonho e a tranquilidade.
Sentou-se na secretária, ligou o computador. Levantou-se e foi espreitar o dia lá fora, adivinhando a chuva. Voltou para dentro e enquanto o programa iniciava pegou no telemóvel e escreveu: “E hoje...Mais chuva…De que adianta se não nos vamos ver?!”. Enviar. Diogo. Mensagem Enviada. Relatório Entregue.
Abriu o documento do Projecto e decidiu-se a trabalhar. “Tenho mesmo que acabar isto hoje, tem mesmo que ser” – Disse em voz alta para se convencer. Carregou no ícone da Internet e escreveu: www.omeusonhoacabatarde.blogspot.com. A página abriu, apressou-se a escrever qualquer coisa. Fechou a página, desligou a Internet. “Agora vou trabalhar” – Era a sério, tinha mesmo que ser.
(continua)

Sem comentários: