17.11.06

Será que ainda posso usar calças com buracos?! IV

O dia tinha sido cansativo. Ao chegar a casa, Joana correu para o quarto e atirou-se para o enorme puff cor-de-rosa que tinha no quarto, deixou-se enterrar nas almofadas, cor-de-rosa, verdes e cor-de-laranja. O Rádio berrava “aquela” música, ajudava…
O telemóvel a tocar:
- “Sim?! ‘Tavas a ligar ou era toque?! – Estranhou Joana.
- “’Tou mesmo a ligar, grande stress…Olha, não foi de propósito, não te queria prejudicar, não fui contar nada, desculpa!” – Do outro lado da linha estava o Diogo preocupado, ansioso como Joana nunca o tinha sentido.
- “Calma, o que se passou?! Diogo, tem calma, tudo bem!” – Joana só queria acalmá-lo, dar-lhe um pouco de tranquilidade.
A conversa desenrolou-se entre esclarecimentos e desabafos. No final, logo após ter desligado o telemóvel, Joana convenceu-se de que tinham desperdiçado aquele precioso tempo com uma conversa sem significado…Não duvidava da palavra do Diogo, não era preciso nenhuma explicação…Naquele momento teve a certeza de que confiava nele…Tinha sido a primeira vez que tinham falado ao telefone, imaginava na perfeição as expressões do rosto dele, irritado, devia estar completamente fora do sério. Joana estava consumida com a vontade de o abraçar, de lhe dizer baixinho que estava tudo bem, a opinião dos outros pouco contava naquele momento.
Ali, enroscada naquele seu “mundinho” que procurava encher de cores, sons, cheiros e texturas, Joana deixou-se levar pelos sonhos…”E se o Diogo estivesse aqui?!” – Era tudo tão simples no reino da fantasia, era tudo tão mágico. O rádio lá continuava: “Se eu pudesse, roubava todo o tempo do mundo … Quanto tu estás, dás-me força, não motivação apenas, cada opinião que trazes, vale por mim sentenças, aposto que não sabias que existe admiração até nas minhas atitudes frias … Por mais breve que seja, fazes eterno um só momento, por mais esquecido que esteja … Se eu pudesse dizer-te tudo o que quero … Faz-me sorrir só como tu sabes como…”
Joana pensava em como seria maravilhoso estar naquele exacto momento, naquele recanto da praia que se avistava da esplanada onde tinha estado naquela manhã…Horas antes, mal chegou aquele lugar, envolvida em conversas de trabalho, não tinha conseguido evitar desejar voltar ali com Diogo. Sonhos…
Sentiu um arrepio, aquela música: “És a policromia que preenche os meus sonhos a preto e branco”. Teriam sido aquelas palavras escritas para eles?!
(continua)

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